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Governo e oposição chegam a acordo
para reformar a Constituição no Egito
Medida é mais um passo rumo à transição política e à saída do presidente Hosni Mubarak
O governo do Egito e líderes da oposição chegaram neste domingo (6) a um acordo para reformar a Constituição do país, informaram a rede britânica BBC e o jornal espanhol El País. O anúncio foi feito pela TV estatal após encontro entre o vice-presidente, Omar Suleiman, e representantes de diversos grupos opositores.
O acordo tenta encerrar a crise política que chega ao 13º dia no país. Nas últimas duas semanas, milhares de pessoas tomaram as ruas de diversas cidades egípcias para pedir a saída do presidente Hosni Mubarak, que está há três décadas no poder.
Segundo a BBC, a TV estatal disse que os participantes do encontro concordaram em formar um comitê de notáveis da área jurídica e política para sugerir mudanças na Constituição. Eles também rejeitaram a "interferência estrangeira em assuntos do Egito" e disseram que trabalhariam para uma transição pacífica.
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Saad Katatni, porta-voz da Irmandade Muçulmana, principal grupo de oposição do país, disse que o acordo "é insuficiente".
- A reunião de hoje é apenas um primeiro passo para examinar o regime [de Hosni Mubarak] e ver se realmente tem boas intenções.
Os opositores querem que Mubarak deixe o cargo imediatamente. Mas o presidente disse nesta semana que isso traria o caos ao país.
O jornal El País informou que o grupo decidiu limitar o tempo que um presidente pode ficar no poder a dois mandatos. E também reformar os requisitos exigidos para que um candidato se apresente às eleições. Segundo o diário espanhol, as exigências hoje são tão complexas que praticamente impedem alguns grupos políticos de participar, sobretudo os de oposição. A agência de notícias Efe informou que foi acordada a alteração dos artigos 76 e 77 que estipulam os requisitos para ser candidato presidencial.
Outra medida importante, segundo o País, é a eliminação da Lei de Emergência. Em vigor desde 1981, essa lei deu superpoderes ao Estado, limitou direitos básicos dos cidadãos e aumentou os poderes da polícia.
Liberdade de imprensa também está na pauta
A agência de notícias Associated Press informou também que houve acordo para permitir liberdade de imprensa no país e a libertação de todas as pessoas presas nos protestos contra Mubarak.
O encontro deste domingo reuniu a maior gama de opositores com o governo desde o início dos protestos contra o presidente, em 25 de janeiro.
Suleiman recebeu diversos grupos de oposição, entre eles a Irmandade Muçulmana, do partido Wafd (direita) e Tabammou (esquerda). Também participaram representantes de Mohamed ElBaradei, ex-diplomata da ONU e importante figura da oposição. O presidente não participou dos encontros.
País tenta voltar à normalidade
Enquanto isso, o enfraquecido presidente Mubarak tenta fazer o país retornar à sua rotina. Os bancos, por exemplo, abriram pela primeira vez de uma semana. Moradores formaram longas filas para retirar dinheiro.
O governo começou, além disso, a retirar os carros queimados da praça Tahrir, no Cairo, ocupada há quase duas semanas pelos manifestantes. Além disso, segundo o jornal El País, abriu a ponte Kasr el Nil, importante acesso à praça que permanecia fechado desde o início dos protestos.
Mas os manifestantes continuam a se aglomerar na praça. E, como o número de pessoas se dirigindo ao local ainda é muito grande, a situação na ponte recém-reaberta é caótica.
Mubarak é antigo aliado dos EUA
Mubarak, de 82 anos, é um antigo aliado americano na região. Foi colocado e mantido no poder para, entre outras coisas, sufocar o radicalismo islâmico e manter a estabilidade em um país estratégico para os interesses americanos.
Ele esteve com todos os presidentes americanos desde 1981, quando assumiu o cargo. O próprio Barack Obama escolheu o Egito para fazer, em 2009, seu importante discurso de conciliação com os muçulmanos do mundo.
Sob o comando de Mubarak há três décadas, o Egito é um dos poucos países no Oriente Médio a reconhecer Israel, não por acaso um dos países mais temerosos pela sua saída. Mas, depois do clamor popular por democracia e do caos que tomou conta do país por causa dos protestos, Mubarak se tornou um problema.
Um claro sinal do enfraquecimento do presidente foi a renúncia neste sábado (5) de toda a cúpula do partido governista. As saídas incluíram Gamal, filho do presidente e há muito tempo tido como seu mais provável sucessor.
O Exército também dá sinais de que não está alinhado a Mubarak. O fato de não ter atuado para reprimir os manifestantes já foi um indício. Desde a independência do Egito, em 1953, nenhum presidente governou sem o apoio dos militares.
o Barack Obama escolheu o Egito para fazer, em 2009, seu importante discurso de conciliação com os muçulmanos do mundo.
Sob o comando de Mubarak há três décadas, o Egito é um dos poucos países no Oriente Médio a reconhecer Israel, não por acaso um dos países mais temerosos pela sua saída. Mas, depois do clamor popular por democracia e do caos que tomou conta do país por causa dos protestos, Mubarak se tornou um problema.
Um claro sinal do enfraquecimento do presidente foi a renúncia neste sábado (5) de toda a cúpula do partido governista. As saídas incluíram Gamal, filho do presidente e há muito tempo tido como seu mais provável sucessor.
O Exército também dá sinais de que não está alinhado a Mubarak. O fato de não ter atuado para reprimir os manifestantes já foi um indício. Desde a independência do Egito, em 1953, nenhum presidente governou sem o apoio dos militares.